Leituras de 2017
Aprendi nos últimos anos que você pode não ser o melhor em algo, mas sempre pode ser o mais esforçado — e, por consequência, chegar aonde quer. Na busca pelo desenvolvimento profissional e pessoal, uma parcela desse esforço passa pelo hábito da leitura, a que dedico diariamente parte da minha agenda.
Entre ficção, business, educação, filosofia e (pasme…) até auto-ajuda, estes são os 20 livros que li em 2017 e alguns comentários e aprendizados que tive a partir deles:
1. The Ultimate Question 2.0: How Net Promoter Companies Thrive in a Customer-Driven World — Fred Reichheld, Rob Markey
3/5 — Kindle
A gente sabe que fidelizar um cliente é uma estratégia muito mais inteligente e rentável do que crescer com foco somente em conquistar novos clientes. E para isso, a excelência em customer service é fundamental. Mas como melhorar a retenção?
Long story short… O Net Promoter Score (NPS) é uma metodologia para mensurar a satisfação dos consumidores em relação a uma empresa a partir da seguinte pergunta: “Você nos recomendaria para um amigo?” O livro traz um conteúdo bem técnico, mas escrito de uma forma tranquila de ler. Basicamente, ele explica o conceito geral do NPS, bem como a forma com que as empresas conseguem fazer o “closed loop”, ou seja, colocar na prática soluções para melhorar o serviço ou produto com base nos feedbacks e no score. Nos últimos capítulos, são apresentados alguns cases em que o NPS foi fundamental para o sucesso de empresas como a Philips e a LEGO. O livro é uma introdução boa para o NPS e um lembrete importante para todo empreendedor sobre como é fundamental construir processos e o produto com foco no consumidor.
“Why do we want loyal customers? Because loyal customers come back more often, buy additional products and services, refer their friends, provide valuable feedback, cost less to serve and are less price sensitive”.
“Maybe it is not NPS that is so hard; it is the undelying quest for greatnesss that NPS is measuring. NPS actually makes the difficult journey a little easier, a little more practical. It helps leaders understand each day where they are succeeding and failing — one customer and one empoloyee at a time.”
“Have patience. This is a marathon, not a sprint. But you can see lots of promising early wins. In most organizations, it’s a huge change management journey, and it should follow great principles of effective change management (…)”
“NPS is not just a number or a score; it is a means of engaging your company in truly listening to customers and acting on their feedback. It is critical that everyone at all levels of organization is bought in and accountable to resond to the needs of customers. You cn learn so much from the NPS comments customers share with you, and reap gains by acting on them — by closing the loop with individual customers and by sharing the NPS data and comments in relevant, actionable ays to employees, regardless of their role, can effectively act on that feedback.”
“The real value of NPS is the cultural shift to an intense focus on holding ourselves accountable to our customers. That said, to assure focus, setting goals is important. Every employee should share in the goal to improve NPS. It is important to set goals so that any given employee can truly influence the outcome.”
2. Desabrigo — Antonio Fraga
4/5 — Kindle
Um dos últimos livros que li para disciplina no curso de Letras na UFPR antes de trancá-lo foi “Desabrigo”, o primeiro do carioca Antonio Fraga. Num livrinho curto, escrito em 1942, é contada a história do Cobrinha, um malandro que vivia entre os soldados, bêbados e prostitutas da região do Mangue, no Rio de Janeiro. Mas cenário e o desenrolar da história são secundários frente à revolução que Fraga fez com a forma de escrever.
Com tiradas que fazem saltar aquele sorrisinho no canto da boca e deboches a gramatiqueiros e tradicionalistas da Língua, ele encheu o texto de gírias e estava pouco se lixando para pontos, maiúsculas e vírgulas. Longe de ser um Zé ignorante, Fraga dominava com excelência o Inglês e o Francês, colocando inclusive algumas frases em língua estrangeira em meio ao texto em um Português que mais brasileiro e da rua, impossível.
O carioca não só deu voz às figuras marginais do Rio na época, como a objetos, recurso tal que não costumava ser visto com bons olhos na época. Se tem alguém que levou ao pé da letra a máxima de “é preciso saber as regras para quebrá-las”, esse alguém foi o Fraga. Mestre em trazer a oralidade para o papel e responsável por tocar o fuá na cena intelectual do Rio, ele provou que pode e a mãe não morre se desafiar a Gramática e os bons costumes. O texto é curto, mas vá com calma: tem horas que não dá pra entender patavinas…
“Deu as palas pros pivas numa gaitolina alta e disse que era escolado que mulher com ele tinha é que meter os peitos senão mandava mandar Dentro do barraco durvalina que tava escutando tudo fez cara de ‘o seu dia chegará’”
“O grande estilista professor doutor josé guerreiro murta assim opina sobre o uso da gíria no seu ‘como se aprende a redigir’ ‘É preciso banir da arte a baixeza e a grosseria. Se a literatura é uma arte, não pode aceitar tudo o que entra na linguagem trivial. Impõe-se uma escolha, mesmo quando se faz falar a gente do povo… Se o calão invadisse a literatura honesta, o nobre ofício de escritor tornar-se-ia desprezível e ajudaria a corromper os costumes’” — Ao qual Fraga riu alto.
“Embora a cara fosse mais lisa que uma tábua era pra minha quimba a tábua de salvação Andava atrasadinho e falou pra tábua
- Quer me fazer uma caridade neguinha?
Mas a neguinha não era do salvation army e respondeu perguntando
- Tu não se enxerga?”
3. Contagious: Why Things Catch On — Jonah Berger
4/5 — Kindle
Aquilo sobre o que você fala e compartilha online compõe sua imagem perante o mundo tanto quanto suas escolhas de roupa ou carro. As pessoas tendem a falar mais sobre coisas que estão em seu cotidiano — fala-se mais sobre cereal do que sobre a Disney, por exemplo. Conteúdos que carregam consigo um teor emocional, seja ele positivo ou negativo, são mais compartilhados. O que é visto é lembrado. Algo que tenha real utilidade e seja contado a partir de boas histórias geralmente têm um maior potencial de viralizar. Em poucas palavras, esses são os ingredientes de bolo propostos por Jonah Berger, professor de Marketing na Universidade da Pensilvânia, para tornar viral um conteúdo, produto ou marca.
Ainda que o livro liste alguns conceitos meios óbvios — como por exemplo a viralização por acesso exclusivo ou limitado — são postas à mesa boas estratégias para marketear peças. Outro ponto alto são os cases apresentados, contando histórias de sucesso e também de fracasso no intento de tornar um produto ou marca viral. Um deles conta como uma marca de liquidificadores decidiu usar o eletrodoméstico para triturar objetos inusitados, como iPhones, e disponibilizou os vídeos do feito no YouTube. O buzz gerado pelo inusitado auxiliou a colocar a marca na boca do povo, alavancando vendas.
Similar efeito de viralização foi alcançado com o símbolo da maçã exposto de forma invertida nos laptops da marca — o objetivo: mostrar a logo corretamente para quem vê o usuário utilizando um MacBook. Um dos cases que mais chamou a atenção foi o fato de que as vendas do chocolate Mars explodiu nos Estados Unidos durante o período em que a mídia falava sobre como o Rover foi enviado a Marte (Mars, em inglês) — poderes mágicos dos gatilhos e do subconsciente.
Fácil e gostoso de ler, Contagious não chega a ser um “playbook” de Marketing viral, mas traz excelentes aprendizados e reflexões pra dar um boost em ideias e projetos.
“But word of mouth is not just frequent, it’s also important. The things others tell us, e-mail us, and text us have a significant impact on what we think, read, buy, and do. We try websites our neighbors recommend, read books our relatives praise, and vote for candidates our friends endorse. Word of mouth is the primary factor behind 20 percent to 50 percent of all purchasing decisions. (…) A word-of-mouth conversation by a new customer leads to an almost $200 increase in restaurant sales. A five-star review on Amazon.com leads to approximately twenty more books sold than a one-star review.”
“Just like the clothes we wear and the cars we drive, what we talk about influences how others see us. It’s social currency. Knowing about cool things — like a blender that can tear through an iPhone — makes people seem sharp and in the know. So to get people talking we need to craft messages that help them achieve these desired impressions.”
“These are the six principles of contagiousness: products or ideas that contain Social Currency and are Triggered, Emotional, Public, Practically Valuable, and wrapped into Stories.”
“Rather, we all made similar inferences because choices signal identity. Carla drives a minivan, so we assumed she was a soccer mom. Todd has a Mohawk, so we guessed he’s a young punk-type guy. We make educated guesses about other people based on the cars they drive, the clothes they wear, and the music they listen to. What people talk about also affects what others think of them. Telling a funny joke at a party makes people think we’re witty. Knowing all the info about last night’s big game or celebrity dance-off makes us seem cool or in the know. So, not surprisingly, people prefer sharing things that make them seem entertaining rather than boring, clever rather than dumb, and hip rather than dull.”
“Another tenet of prospect theory is something called “diminishing sensitivity.” Imagine you are looking to buy a new clock radio. At the store where you expect to buy it, you find that the price is $35. A clerk informs you that the same item is available at another branch of the same store for only $25. The store is a twenty-minute drive away and the clerk assures you that they have what you want there. What would you do? Would you buy the clock radio at the first store or drive to the second store? If you’re like most people, you’re probably willing to go to the other store. After all, it’s only a short drive away and you save almost 30 percent on the radio. It seems like a no-brainer. But consider a similar example. Imagine you are buying a new television. At the store where you expect to buy it, you find that the price is $650. A clerk informs you that the same item is available at another branch of the same store for only $640. The store is a twenty-minute drive away and the clerk assures you that they have what you want there. What would you do in this situation? Would you be willing to drive twenty minutes to save $10 on the television? If you’re like most people, this time around you probably said no. Why drive twenty minutes to save a few bucks on a TV? You’d probably spend more on gas than what you’d save on the product.”
“Researchers find that whether a discount seems larger as money or percentage off depends on the original price. For low-priced products, like books or groceries, price reductions seem more significant when they are framed in percentage terms. Twenty percent off that $25 shirt seems like a better deal than $5 off. For high-priced products, however, the opposite is true. For things like laptops or other big-ticket items, framing price reductions in dollar terms (rather than percentage terms) makes them seem like a better offer. The laptop seems like a better deal when it is $200 off rather than 10 percent off.”
4. Os Irmãos Karamázov — Fiódor Dostoiévski
5/5 — Físico
Densidade, complexidade, angústias e Édipo: o último romance de Dostoievski, escrito em 1879, é simplesmente foda. Em resumo, a obra traz o conflito entre os membros da família russa Karamazov, composta pelo pai, um sujeito infame e detestável, e três filhos, com personalidades, valores e objetivos de vida bastante distintos.
São postas à mesa diversas questões existenciais, morais e políticas. A qualidade da construção dos personagens, bem como de todo o desenrolar da história, é de uma grandiosidade imensurável. Acabei lendo a edição da Martins Fontes por razões de promoção. A diagramação está excelente (o livro é lindo!) e não constatei nenhuma grande aberração de texto — mas, em geral, a galera recomenda a tradução do Paulo Bezerra, editora 34. É um catatau de 900 páginas que vale cada vírgula. Leiam! Leiam! E leiam!
“De fato, Fiódor Pávlovitch sempre gostou de fingir atitudes, representar algum papel, às vezes sem necessidade alguma, nem que fosse para prejudicar a si mesmo, como nesse caso. Essa é, aliás, uma característica especial de muitas pessoas, mesmo as nada tolas.”
“Não sei dos detalhes: apenas ouvi dizer que a jovem, gentil, paciente e ingênua, tinha tentando enforcar-se em algum cabide da despensa, perturbada pelos caprichos e eternas reprovações da velha benfeitora, que, no fundo, não era má, mas a quem a ociosidade tornava insuportável.”
“Pensativo e distraído, sua face era agradável, seu corpo forte e alto, seu olhar estranhamento fixo, o que caracteriza as pessoas distraídas; às vezes ele olhava para outra pessoa por muito tempo, sem vê-la.”
“- Peço-lhe igualmente para não se inquietar e não se incomodar — disse o mestre, com majestade. — Não se preocupe, sinta-se em casa, totalmente. E , o principal, não tenha tanta vergonha de si mesmo, pois todo mal vem disso.”
“Não, não é sobre Diderot. Sobretudo, não minta a si mesmo. Quem mente a si mesmo e ouve a própria mentira chega a não distinguir mais a verdade, nem em si, nem no mundo ao redor; então perde o respeito por si mesmo e pelos outros. A pessoa que não respeita ninguém deixa de amar e, para ter alguma ocupação e distração na ausência do amor, dedica-se às paixões e aos prazeres grosseiros; chega ao estágio animal em seus vícios, e tudo isso em virtude da mentira contínua a si mesmo e aos outros. Quem mente a si mesmo pode ser o primeiro a ser ofendido. Às vezes sente-se prazer em ofender a si mesmo, não é verdade? A pessoa sabe que ninguém a ofendeu, mas que ela mesma passou a ofender-se pintando o quadro de negro com prazer, agarrando-se a uma palavra qualquer e transformando um montículo em uma montanha — ela sabe, mas é a primeira a ofender-se, chegando assim a experimentar uma grande satisfação; assim, ela chega ao verdadeiro ódio… Mas levante-se, sente-se, por favor; esse também é um gesto falso… “
“ — Patati, patatá! Hipocrisia e velhas frases! Velhas frases e velhos gestos! Velhas mentiras e inclinações até o chão! Já conhecemos essas reverências! “Um beijo nos lábios e um punhal no coração”como em Bandoleiros, de Schiller. Não gosto de hipocrisia, meus padres, e quero a verdade! Mas a verdade não está nas tolices, como eu proclamei! Padres monges, por que você jejuam? Por esperar recompensas no céu? Conforme o amanho da recompensa, eu vou jejuar mais do que vocês! Não, santo monge, seja virtuoso em vida, traga benefícios para a sociedade, em vez de fechar-se em um mosteiro cheio de pão aa cada dia, esperando recompensas lá de cima — isso é que é difícil. Como vê, padre abade, eu também sei fazer boas frases.”
“Mas Ivan não ama ninguém, ele não é dos nossos; pessoas como ele, meu querido, não são iguais a nós, não pó… Se o vento sorprar, esse pó vai voando!… “
“– Penso que se o diabo não existe… se ele foi criado pelo homem… o homem fez o diabo à sua imagem e semelhança.”
“– Sim, mas.. Sabe, noviço, os absurdos são muito necessários neste mundo. A terra se alicerça nos absurdos e sem eles, talvez, nada aconteceria. Sabe-se o que se sabe!”
“Mas não sabias que, mal o homem, recusasse o milagre, logo recusaria também a Deus, pois o homem busca mais os milagres do que Deus. E, como o homem não pode passar sem milagres, ele vai inventar novas maravilhas, dessa vez maravilhas humanas, e se curvar aos milagres do charlatão, aos sortilégios da feiticeira, às magias dos rebeldes mil vezes hereges e sem Deus.”
5. Design Thinking Brasil — Tennyson Pinheiro
4/5 — Kindle
Design thinking daqui, design thinking dali… mas que diabos é isso? Decidi ir um bocado mais a fundo para entender como as metodologias de Design têm sido empregadas para resolver questões que vão muito além de um layout bonito. Nesse livrinho maneiro e bem fácil de ler, o Tennyson Pinheiro e o Luis Alt, da live|work, uma empresa de consultoria em Design de Serviços, explicam o que é o Design Thinking, dão os guias para implementá-lo em um projeto ou empresa e contam cases bem bacanas de aplicação da abordagem.
“Mais do que uma metodologia, Design Thinking é um novo jeito de pensar e abordar problemas. Um novo modelo mental. Numa tradução grosseira, Design Thinking significa “o jeito de pensar do design”. Design, nesse caso, é aquilo que em português chamaríamos de “projeto centrado nas pessoas”, se tivéssemos o hábito de falar português.”
“A história do rádio ilustra de maneira interessante esse ponto de vista. Após sua invenção, o aparelho permaneceu por mais de 20 anos sendo visto como uma caixa grande e espaçosa que noticiava basicamente o que já podia ser lido nos tabloides da época. Era um mero objeto de luxo e ostentação para os abastados.
A sua popularização veio em seguida da primeira transmissão ao vivo de um evento esportivo, o que conferiu ao rádio a relevância necessária para ser considerada uma das maiores inovações da história da humanidade. E não foi um transistor novo e mais potente que causou a mudança, mas o novo uso que um radialista empreendedor deu para a geringonça, conferindo ao rádio novo valor e relevância. A inovação está onde há valor percebido pelas pessoas. Sem isso, não há inovação.”
“Após o uso, idealmente as pessoas devem formar uma imagem positiva da experiência que tiveram. A satisfação é, portanto, uma resultante da soma de todos os outros fatores. Se o usuário se sentir seguro, confortável, pouco estressado, navegar e compreender com facilidade o seu papel e tiver a sua expectativa alcançada o superada, poderá se considerar satisfeito.”
“Enquanto escala uma montanha, um alpinista prende a corda que o sustenta num pino que é cravado na rocha de tempos em tempos, reduzindo sua escalada a pequenos trechos. O resultado disso é a garantia de que, se algo der errado, ele cairá no máximo um destes trechos, e não uma montanha inteira abaixo. É isso que torna a escalada um esporte radical, e não uma tentativa de suicídio. Infelizmente, a maioria dos projetos dentro das empresas são conduzidos prevendo uma única subida, sem grampos até o topo da montanha. Não supreende que pequenas mudanças de rumo causem uma longa queda, dolorida e até fatal.”
6. Sociedade sem escolas — Ivan Illich
4/5 — Kindle
School’s our for summer; school’s out forever, o Alice Cooper. Crítico da Educação, Ivan Illich escreveu este livro no início da década de 70 para mostrar que a Escola leva nota vermelha ao exercer seu papel na formação de cidadãos esclarecidos, transformadores e mentalmente saudáveis. Ele defende que a obrigatoriedade da escola esmorece no sujeito a vontade da busca pelo conhecimento e em pouco ajuda no desenvolvimento dos valores humanos.
No fim do dia, segundo Illich, a Escolarização acaba sendo uma forma de as instituições ganharem dinheiro, formatarem cabeças e alimentarem o mito de que a Escola e a Universidade são os únicos possíveis detentores do conhecimento. Li a obra, tida pelos defensores da Desescolarização como uma das principais sobre o tema, como parte da pesquisa que fiz para uma reportagem sobre Desescolarização — sem link porque ela ainda não foi publicada. É uma boa leitura que engloba reflexões sobre os métodos arcaicos empregados pelas Escolas no ensino até temas como a desigualdade social global e a mudança na percepção de infância que ocorreu no último século.
“Virtualmente, todas as nossas disciplinas escolares se basearam em concepções que, hoje, são incompatíveis com o axioma cartesiano e com a visão de mundo estática que derivamos desse axioma em determinado momento. Para suporte das novas idéias, inclusive as da moderna física, existe urna ordem unificadora, mas que não é a causalidade;”
“Nossa herança judeu-cristã e greco-romana, nossa tradição helênica levaram-nos a pensar em categorias exclusivas. Mas nossa experiência nos desafia a reconhecermos uma totalidade mais rica e bem mais complexa que o observador comum nem poderia suspeitar”
“No México, há dez anos atrás, era normal nascer e morrer em sua própria casa e ser enterrado pelos amigos. Apenas os cuidados pela alma eram assumidos pela igreja institucional. Agora, começar ou terminar a vida em casa é sinal de pobreza ou de especial privilégio. Agonia e morte passaram à administração institucional de médicos e agências funerárias. Tendo uma sociedade transformado as necessidades básicas em demandas por mercadorias cientificamente produzidas, define-se a pobreza por padrões que os tecnocratas podem mudar a bel-prazer. A pobreza se aplica àqueles que ficaram aquém de algum ideal de consumo propagandizado. No México, pobres são os que não freqüentaram três anos de escola; em Nova York, os que não freqüentaram doze anos.”
“A escola tornou-se a religião universal do proletariado modernizado, e faz promessas férteis de salvação aos pobres da era tecnológica. O Estado-nação adotou-a, moldando todos os cidadãos num currículo hierarquizado, à base de diplomas sucessivos, algo parecido com os ritos de iniciação e promoções hieráticas de outrora. O Estado moderno assumiu a obrigação de impor os ditames de seus educadores por meio de inspetores bem intencionados e de exigências empregatícias; mais ou menos como o fizeram os reis espanhóis que impunham os ditames de seus teólogos pelos conquistadores e pela Inquisição.”
“O certificado constitui uma forma de manipulação mercadológica e é plausível apenas a uma mente escolarizada. A maioria dos professores de artes e comércio são menos hábeis, menos inventivos e menos comunicativos que os melhores artesãos e comerciantes. A maioria dos professores de espanhol e francês que lecionam no secundário não falam a língua tão bem quanto seus alunos o fariam depois de meio ano de adequado treinamento.”
“Algumas eras cristãs nem mesmo consideravam suas proporções corporais. Artistas pintavam a criança como se fosse miniatura de adulto, sentada nos braços de sua mãe. As crianças aparecem na Europa juntamente com os relógios de bolso e os agiotas cristãos do Renascimento. Antes de nosso século, pobres e ricos nada entendiam de roupas para crianças, jogos de crianças ou de imunidade legal da criança. O ser criança era coisa da burguesia. O filho do trabalhador, do camponês ou do nobre, todos se vestiam como seus pais, brincavam como seus pais e eram enforcados da mesma maneira que seus pais. Depois que a burguesia descobriu «o ser criança», tudo mudou. Apenas algumas igrejas continuaram a respeitar, por certo tempo, a dignidade e maturidade dos jovens. Até o Concílio Vaticano II ensinava-se às crianças que o cristão chegava ao discernimento moral e à liberdade aos sete anos e, a partir daí, era capaz de cometer pecados, pelos quais poderia ser castigado com o inferno eterno.”
“A lei da freqüência obrigatória possibilita à sala de aula servir de ventre mágico, donde a criança é libertada periodicamente, ao final do dia ou ao findar do ano escolar, até que seja, finalmente, expelida para a vida adulta.”
“Como diz Arnold Toynbee, a decadência de uma grande cultura vem geralmente acompanhada do surgimento de uma nova Igreja Universal que dá esperanças ao proletariado doméstico e ao mesmo tempo satisfaz as necessidades de uma nova classe guerreira. A escola tem todas as características para ser a Igreja Universal de nossa decadente cultura.”
“A escola não é apenas a nova religião do mundo. É também o mercado de trabalho de mais rápido crescimento no mundo inteiro.”
“Cada um é pessoalmente responsável por sua própria desescolarização; unicamente nós temos o poder de fazê-lo.”
7. Livre para Crescer: Sustentabilidade emocional, parentalidade com apego e unschooling — Agnes Sedlmayr
3/5 — Kindle
Também lido como estudo para a reportagem que escrevi sobre Desescolarização, este livro é um apanhado de ideias da ativista do direito das crianças Agnes Sedlmayr. O foco é o desenvolvimento infantil e como a escolarização e seus métodos prejudicam o crescimento físico e emocional das crianças. A obra é recheada de pensamentos um bocado polêmicos e é sustentada por uma aversão completa a qualquer tipo de ensino formalizado.
A leitura traz reflexões interessantes sobre liberdade e relações interpessoais, inclusive com exemplos pessoais da autora, que optou por seguir com um processo de desescolarização com os próprios filhos. Discordei de boa parte das posições da autora, mas ela traz pontos de vista interessantes e põe à luz boas verdades sobre a educação infantil. Seguem alguns trechos — imho, alguns trazem nonsense, outros, verdades:
“Tratamos as crianças da nossa vida da mesma forma como tratamos os nossos amigos adultos? A maioria dos adultos nunca se lembraria de falar com amigos assim como fala para seus filhos. Para uma criança, diz-se com pleno à vontade: “Não te vou ajudar para ver se chegas lá sozinho!”, ou, “Não podes comer mais disto, agora tens de comer aquilo!” ou “Partiste este copo, não sabes ter cuidado!!?”, ou, “Diz obrigada, diz olá, pede desculpa…”, ou, “Caíste? Bem feito, eu bem te avisei para não ires para ali!” etc., etc.”
“A criança que sucumbe às exigências manipulativas, torna-se a “criança boa, dócil, fácil”, mas com o preço de se sentir inferior ao adulto, à sua mercê, dependente duma autoridade. Perde a sua capacidade de análise, pois é forçada a aceitar a análise dos pais. A criança “rebelde” que faz “birras” é aquela que tem mais resistência a sucumbir, que tenta defender a sua integridade nessa luta de poder injusta e cruel.”
“Com a entrega do bebé numa instituição, muitas vezes sem tempo de adaptação, o bebé é exposto a uma situação traumática que irá deixar marcas para sempre. Um bebé com menos de um ano ou um ano e meio, não tem a noção de que a sua mãe voltará. No momento em que é entregue a outra pessoa, desconhecida, acredita que a mãe o abandonou e sente pânico, como se realmente tivesse sido abandonado.”
“Pois bem, a realidade é outra: uma criança de um, dois, três anos, numa creche, sente-se abandonada, no máximo insensibilizada perante a sua própria dor; não está, de todo, numa idade em que consiga regular as suas emoções e necessidades de forma autónoma/independente.”
“Os educadores vivem numa obsessão de juntar as crianças umas com as outras, para “socializar”, criar amizades, “aprenderem umas com as outras”. Desde tenra idade, as crianças são encaminhadas para encontros com outras, desde ginástica para bebés, música para bebés, atividades de grupo, creches, atividades de “tempos livres”, etc. Os adultos fazem enormes esforços para inserir as crianças em grupos de iguais desde muito cedo, pensando que assim aprenderão a socializar. Há a crença profundamente enraizada de que socializar leva à socialização: à capacidade de um relacionamento empático, maturo e tolerante entre seres humanos. Embora esta crença seja popular e todo-poderosa, é apenas uma crença. A criança, como ser humano emocionalmente imaturo, está dependente de forças orientadoras que, através da sua ligação afetiva e do exemplo, a encaminham para a interiorização de valores éticos e morais. Sem um conjunto de valores já bem enraizados na personalidade, uma criança não consegue desenvolver uma relação de profunda amizade com outra da mesma idade (Neufeld, Maté).”
“Infelizmente, por mais bem-intencionada a educadora ou o professor estejam, é-lhes humanamente impossível satisfazer as necessidades e carências emocionais de 10 ou 20 crianças, para além de isso não constar no currículo do Ministério da Educação.”
“Refere-se a uma atitude antipedagógica em todas as variantes da vida. Muitas vezes e sem nos apercebermos, extrapolamos uma atitude de manipulação e modificação do outro, típica da atitude pedagógica que nos moldou, para todas as nossas relações interpessoais. Avaliamos, criticamos, exercemos controlo, domínio e coerção. No unschooling, rejeitamos esses modelos de comportamento. Advogamos uma atitude de respeito pela individualidade e de apoio para cada membro da família ou do grupo poder desenvolver o seu máximo potencial. Damos especial relevância às necessidades emocionais de cada membro da família, tentando como máxima prioridade nutrir e salvaguardar o direito à liberdade de cada um.”
“Ao contrário do que advoga a maioria das pessoas, de que as crianças devem aprender desde cedo qua a vida não é fácil, para estarem preparadas para os problemas da vida adulta, pensamos que não devemos dificultar-lhes a vida agora para que saibam que no futuro também será difícil e desagradável. Pelo contrário, acreditamos que, mostrando-lhes o mundo real com toda a sua beleza, complexidade e irregularidade e satisfazendo as suas necessidades emocionais, estão preparados para viver a vida que desejam.”
“Com três anos, o Timo tinha um interesse louco por tratores. Vivemos numa aldeia com muitos agricultores e, em breve, ele conhecia todos os tratores da vizinhança e era amigo de todos os tratoristas que o deixavam sentar-se ao volante e mexer nos botões. Descobriu que os tratores tinham nomes (as marcas), e rapidamente sabia as marcas todas, reconhecendo um determinado trator pelo som do motor, mesmo sem o ver! Um dia numa loja encontrou um livro sobre tratores, com fotografias e descrição da marca, do modelo, da potência, etc. Era um livro para adultos, mas ele insistiu que precisava dele. Comprei-o. Tornou-se o livro preferido, aquele que o Timo observava diariamente. Pedia para lhe lermos os nomes dos tratores e todas as informações que mesmo para nós adultos, não nos diziam nada. De repente apercebemo-nos que ele sabia ler! Tinha aprendido a ler sozinho a partir do livro de tratores! Estava tão extremamente interessado nos tratores que sentiu necessidade de aprender a ler para poder descobrir tudo o que estava descrito naquele livro! Ainda não tinha 4 anos.”
“acriticamente a crença de que apenas numa sala de aula ou num intervalo de vinte minutos num recreio de betão que se realiza a socialização. Nós questionamos isso. Os nossos filhos têm contacto com pessoas de todas as idades. Observam o oleiro e conversam com ele enquanto veem como ele faz vasos e jarras e lhes oferece barro para modelar. Visitam o moleiro e conversam com ele sobre o seu trabalho, ajudando a pesar a farinha na balança verdadeira. Trocam ideias com o agricultor ao lado que os deixa andar no seu trator e lhes oferece regularmente frutos e legumes da sua horta. Brincam com os vizinhos e os amigos de várias nacionalidades, comunicando frequentemente em português, alemão e inglês, não para passar o teste de inglês mas porque precisam de falar inglês com os amigos. Convivem com adultos e crianças de todas as idades, diariamente. Vivem o quotidiano com a sua família, aprendendo valores como a tolerância, a entreajuda, a partilha, o respeito e a empatia através do exemplo dos adultos com quem partilham a sua vida.”
8. The Unschooling Unmanual
3/5 — Kindle
Mais um sobre Desescolarização! O The Unschooling Unmanual reúne 11 ensaios de entusiastas do aprendizado livre, em que contam experiências pessoais e compartilham seus pontos de vista em relação à Escola e à liberdade do ensino. Trata-se de uma espécie de manifesto; um bom ponto de partida para quem tem interesse em saber um pouco mais sobre o tema.
“We don’t believe that repetition is necessary or that there is a list of things that every person needs to know. We believe that turning the relationship of parent and child into a relationship between teacher and student is detrimental. We want our children to own their learning and to learn for their own reasons, not to please a teacher.
“The child is curious. He wants to make sense out of things, find out how things work, gain competence and control over himself and his environment, and do what he can see other people doing. He is open, perceptive, and experimental. He does not merely observe the world around him. He does not shut himself off from the strange, complicated world around him, but tastes it, touches it, hefts it, bends it, breaks it. To find out how reality works, he works on it. He is bold. He is not afraid of making mistakes. And he is patient. He can tolerate an extraordinary amount of uncertainty, confusion, ignorance, and suspense. … School is not a place that gives much time, or opportunity, or reward, for this kind of thinking and learning.”
“Children who are good at fantasizing are better both at learning about the world and at learning to cope with its surprises and disappointment. It isn’t hard to see why this should be so. In fantasy we have a way of trying out situations, to get some feel of what they might be like, or how we might feel in them, without having to risk too much. It also gives us a way of coping with bad experiences, by letting us play and replay them in our mind until they have lost much of their power to hurt, or until we can make them come out in ways that leave us feeling less defeated and foolish.”
“Children learn by asking questions, not by answering them.”
“When a one-year-old falls down while learning to walk, we say, “Good try! You’ll catch on soon!” No caring parent would say, “Every baby your age should be walking. You’d better be walking by Friday!”””
“Our boys also love to play board games, especially Monopoly. We play it a lot, and because they enjoy it so much, they’re eager to learn the math. For example, players can choose whether to pay a fixed amount of tax or ten per cent of their assets, so the boys wanted to learn all about percentages.
““If I had to make a general rule for living and working with children, it might be this: be wary of saying or doing anything to a child that you would not do to another adult, whose good opinion and affection you valued.” John Holt”
“As John Holt once observed, children are not trains. If a train does not reach every station on time, it will be late reaching its ultimate destination. But a child can be late at any “station”, and can even change the entire route of the learning process, and still reach every area of learning.
“In an age of “information explosion”, it is no longer meaningful or realistic to require rote memorization of specific facts.”
“Unschooling isn’t a recipe, and therefore it can’t be explained in recipe terms. It is impossible to give unschooling directions for people to follow so that it can be tried for a week or so to see if it works. Unschooling isn’t a method, it is a way of looking at children and at life. It is based on trust that parents and children will find the paths that work best for them — without depending on educational institutions, publishing companies, or experts to tell them what to do.”
9. Growth Hacker Marketing: A Primer on the Future of PR, Marketing, and Advertising — Ryan Holiday
3/5 — Kindle
Growth hacking: técnicas 0800 ou low cost para crescer a base de clientes ou usuários de um produto/marca. Neste pequeno manual, o marketeiro e best-seller Ryan Holiday fornece guides para estratégias de crescimento e conta alguns cases de produtos de tecnologia, como o Hotmail e o iPhone, que tiveram uma curva de adoção repentina devido a algumas táticas de growth. Nada WOW, mas uma boa introdução ao assunto.
“A growth hacker doesn’t see marketing as something one does, but rather as something one builds into the product itself. The product is then kick-started, shared, and optimized (with these steps repeated multiple times) on its way to massive and rapid growth.”
“A growth hacker is someone who has thrown out the playbook of traditional marketing and replaced it with only what is testable, trackable, and scalable. Their tools are e-mails, pay-per-click ads, blogs, and platform APIs instead of commercials, publicity, and money.”
“Growth hackers believe that products — even whole businesses and business models — can and should be changed until they are primed to generate explosive reactions from the first people who see them.”
“ But the most effective method is simply the Socratic method. We must simply and repeatedly question every assumption. Who is this product for? Why would they use it? Why do I use it? Ask your customers questions, too: What is it that brought you to this product? What is holding you back from referring other people to it? What’s missing? What’s golden? Don’t ask random people or your friends — be scientific about”
“Look, virality at its core is asking someone spend their social capital recommending or linking or posting about you for free. You’re saying: Post about me on Facebook. Tell your friends to watch my video. Invite your business contacts to use this service. The best way to get people to do this enormous favor for you? Make it seem like it isn’t a favor. Make it the kind of thing that is worth spreading and, of course, conducive to spreading.”
“Think of Apple and BlackBerry, which turned their devices into advertising engines by adding “Sent from my iPhone” or “Sent from my BlackBerry” to every message sent. (Apple’s best and most compelling public move, of course, was the decision to make its headphones white instead of black.”
“Virality is not an accident. It is engineered.”
“According to Bain & Company, a 5 percent increase in customer retention can mean a 30 percent increase in profitability for the company.”
10. Hamlet — William Shakespeare
5/5 — Kindle
Quando eu era mais nova, tinha vergonha de dizer que nunca tinha lido o clássico X ou Y. Hoje, deixei isso de lado e corro atrás para ler as obras literárias que contribuíram para formar a humanidade. A parte mais incrível dos “clássicos” é constatar que, de Homero a Shakespeare, a humanidade não mudou em nada: as dúvidas, agonias, trapaças, desejos e vinganças continuam os mesmos. Não vou nem me alongar… Hamlet é excelente e tem tiradinhas sutis que me fizeram rir alto. Obrigada, Shakespeare!
“Recomenda-te, Hamlet, a natureza chorares o teu pai dessa maneira Mas, lembra-te: teu pai perdeu um pai, que o seu, também, perdera. Ao filho vivo cabe o grato dever de lastimá-lo por algum tempo. Mas mostrar tão grande obstinação no luto, é dar indícios de teima e de impiedade; é a dor dos fracos; revela uma vontade ímpia e rebelde, coração débil, mente anarquizada, inteligência pobre e sem cultivo. Se tem de ser assim, tal como as coisas mais comuns que aos sentidos nos afetam, para que nos mostrarmos rigorosos e pueris? Ora! É ofensa ao próprio céu, à natureza, aos mortos, mais que absurda para a razão, cujo princípio básico é o traspasso dos pais, e que não cessa de proclamar desde a hora do primeiro cadáver até ao morto deste instante: Tinha de ser assim. Vamos, te peço, deixa essa dor estéril e nos trata como a pai.”
“Sê lhano, mas evita abastardares-te. O amigo comprovado, prende-o firme no coração com vínculos de ferro, mas a mão não calejes com saudares a todo instante amigos novos. Foge de entrar em briga; mas, brigando, acaso, faze o competidor temer-te sempre. A todos, teu ouvido; a voz, a poucos; ouve opiniões, mas forma juízo próprio. Conforme a bolsa, assim tenhas a roupa: sem fantasia; rica, mas discreta, que o traje às vezes o homem denuncia. Nisso, principalmente, são pichosas as pessoas de classe e prol na França. Não emprestes nem peças emprestado; que emprestar é perder dinheiro e amigo, e o oposto embota o fio à economia. Mas, sobretudo, sê a ti próprio fiel; segue-se disso, como o dia à noite, que a ninguém poderás jamais ser falso.’
“POLÔNIO — Pois não, príncipe; hei de tratá-los de acordo com seu merecimento. HAMLET — Com a breca, homem! Muito melhor! Se fôsseis tratar todas as pessoas de acordo com o merecimento de cada uma, quem escaparia da chibata? Tratai deles de acordo com vossa honra e dignidade. Quanto menor o seu merecimento, maior valor terá a vossa generosidade. Levai-os.”
“ROSENCRANTZ — Não compreendo o que dizeis, senhor. HAMLET — O que muito me alegra. As sutilezas dormem no ouvido dos parvos.”
“REI — Oh Deus! HAMLET — Pode-se pescar com um verme que haja comido de um rei, e comer o peixe que se alimentou desse verme. O REI — Que queres dizer com isso?
HAMLET — Nada; apenas mostrar-vos como um rei pode fazer um passeio pelos intestinos de um mendigo.”
“Cara Gertrudes, as tristezas não andam como espias, mas sempre em batalhões.”
11. Inteligência Brasileira — Max Bense
4/5 — Física
Bense é um filósofo ensaísta alemão que ficou bastante próximo do poeta concretista brasileiro Haroldo de Campos. Na década de 60, fez algumas visitas ao Brasil, nas quais conheceu diferentes partes do país e teve a chance de bater papo com uma galera interessante, como João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. O livro “Inteligência Brasileira” é uma espécie de diário, composto por pequenas anotações, percepções e pensamentos do alemão sobre o Brasil e as experiências que teve por aqui.
O formato do livro, como um apanhado de ideias, permite que o autor vá da análise dos centros urbanos a teorias semióticas e ideias atropológicas em algumas páginas. O livro é pequeno, 117 páginas no total, mas exige uma atenção na leitura, justamente pela complexidade do conteúdo. Hegel, Wittgenstein, conceitos de estética e sociologia… Pra sacar tudo, é preciso ter bagagem — coisa que me faltou em alguns tópicos, mas nada que a gente não corra atrás pra entender.
Acho que esse foi o livro mais “viajado” que li no ano. Foi ótimo pra me tirar do campo prático e me lembrar de que, como escreveu certa vez a Eliane Brum, a contemplação é civilizatória. Ah, comprei o exemplar nas desovas da falecida Cosac Naify. Se procurar bem, acha alguns bem baratinho.
“(…) quer também chamar a atenção pra o fato de que não é por suas relações de poder que uma civilização avançada desperta o interesse geral. Antes disso, ela o faz pelas relações que estabelece na esfera da inteligência”
“A essência da distração não consiste na impressão ou na lembrança: a memória assume o caráter de uma fluida concentração”
“6. Diz-se que os cupins trabalham apenas em sociedade; os homens, como se sabe, pensam sozinhos. Todas as condições existenciais do homem são condições de sua individualidade. Contudo e exatamente por meio disso elas possibilitam a generalização do mundo inteligível. Quando escrevo, penso em todos.”
“O concreto é o não-abstrato. Tudo o que é abstrato traz em si alguma coisa que o pressupõe, a partir da qual certas características são abstraídas. Tudo o que é concreto resume-se, ao contrário, apenas a si mesmo.”
“Frases não são o objetivo dos textos concretos. Trata-se de criar conjuntos de palavras, que em sua totalidade representam um espaço de comunicação verbal, vocal e visual — o corpo linguístico tridimensional — este corpo linguístico tridimensional é o portador de uma mensagem estética especificamente concreta.”
“A poesia concreta é portanto poesia consciente, que comunica inteiramente a sua realidade estética numa linguagem de signos cujas categorias ela combina, e esses signos são palavras, mas a palavra não aparece como um portador convencional de significado, ela tem de ser compreendida estritamente como portador construtivo, visual ou vocal da forma.”
12. Cães Educados, Donos Felizes — Cesar Millan
3/5 — Física
Uma das coisas mais maneiras e transformadoras que fiz em 2017 foi adotar um cachorro. Lá estava eu, no pet shop, indo comprar ração para meus gatinhos, quando a namorada sugeriu darmos uma passadinha na feira de adoção que estava rolando ao lado. Relutei, com receio de sair de lá com um cachorro. Ela insistiu. Era só pra dar uma olhadinha. Pois bem, saí de lá com um cachorro. Sebastião. Ele era o dog mais medroso da feira. Na jaulinha, tremia inteiro. Derreteu o coração e já era. Liguei pro meu irmão, que já adotou dois. Avisei: “Tô adotando um dog”. Ele desesperou com os gatos. Um mês depois me emprestou esse livro.
O Cesar é conhecido por um programa que roda na TV a cabo em que se propõe a resolver a vida de pessoas que têm cachorros com problemas. São dogs que mordem, que se mordem, que uivam o dia inteiro, que destroem a casa e que fazem da vida de seus donos o inferno na Terra. O cara basicamente é um mexicano que se especializou em comportamento canino. Ele manja demais de dogs e, no livro, dá os guias de como a cabeça deles funciona. Com várias dicas práticas, o livro é quase que um guia de liderança. Como bem ele afirma, se você não consegue liderar um cachorro, como espera liderar pessoas?
Ainda não consigo fazer o Sebastião dar a patinha, mas ele me respeita bem mais e tá beeem mais calmo do que era quando chegou, há seis meses. Leitura fácil e prazerosa. Se você tem um dog, vale muito a pena.
Acabei não riscando partes porque o livro é do Lucas, mas coloco em pontos alguns dos ensinamentos:
- Quando um dog tem um problema, geralmente a raiz do problema está no dono.
- Se você está agitado, o dog sabe e terá um comportamento baseado nisso. Portanto, sempre esteja calmo ao sair para os rolês.
- Liderança é guiar o caminho e dar a proteção. O cão precisa disso.
- Galera acha que dog precisa é de liberdade, correr solto, fazer o que quiser. Na verdade, a liberdade pode ser opressora. Cães gostam, e faz parte das características deles, ter a quem seguir (seja o dog líder da matilha ou o humano dono). Eles precisam ter guides para se sentirem seguros.
- Os dogs precisam correr, brincar e gastar energia. Caso contrário ficam tipo criança hiperativa que não para quieta na sala de aula. Bota o dog pra correr, tira a bunda do sofá e vai passear!
- É importante que o dog tenha uma energia semelhante à do dono e vice-versa. É preciso ter sintonia.
- Exercício, disciplina e carinho. É disso que seu dog precisa — nessa ordem! — pra viver bem, saudável e feliz.
13. The Lean Startup: How Today’s Entrepreneurs Use Continuous Innovation to Create Radically Successful Businesses — Eric Ries
4/5 — Kindle
Este é um dos livros de business mais conhecidos da atualidade. Nele, Eric Ries mostra como se dá a criação e o desenvolvimento de uma startup. Na definição dele, "uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza." A partir de cases, ele mostra como empresas conseguem melhorar financeiramente, como é possível tornar equipes mais produtivas e satisfeitas e como usar métricas a favor do ciclo de desenvolvimento e melhoria dos produtos. Um baita livro pra quem (quer) empreende(r)!
"A startup enxuta tira seu nome da produção enxuta, a revolução que Taiichi Ohno e Shigeo Shingo promoveram na Toyota. O pensamento enxuto está alterando radicalmente a maneira pela qual as cadeias de suprimento e os sistemas de produção são conduzidos. Entre seus princípios estão o aproveitamento do conhecimento e da criatividade de cada funcionário, a redução dos tamanhos dos lotes, a produção do tipo just in time, o controle do estoque e a aceleração do tempo de ciclo. Ensinou ao mundo a diferença entre atividades com valor das outras, e mostrou como desenvolver qualidade nos produtos de dentro para fora."
"o método da startup enxuta, em contraste, é projetado para você aprender a dirigir uma startup. Em vez de projetar planos complexos, baseados em inúmeras hipóteses, você pode fazer ajustes constantes por meio do “volante”, que é o ciclo de feedback construir-medir-aprender . Por meio desse processo de condução, podemos aprender quando e se é o momento de fazermos uma curva fechada chamada pivô ou se devemos perseverar em nosso caminho atual. Uma vez que temos um motor em funcionamento, a startup enxuta oferece métodos para dimensionar e desenvolver o negócio com aceleração máxima. Em todo processo de condução, você sempre tem uma ideia clara de onde está indo."
"Comecei a acreditar que a aprendizagem é a unidade essencial do progresso das startups. O esforço que não é absolutamente necessário para aprender o que os clientes querem pode ser eliminado. Chamo isso de aprendizagem validada, pois é sempre demonstrada mediante melhorias positivas nas métricas principais da startup."
"Quando levamos em conta a construção do produto mínimo viável, essa regra simples é suficiente: elimine todo recurso, processo ou esforço que não contribui diretamente com a aprendizagem que você procura."
14. Hackeando Tudo: 90 Hábitos Para Mudar o Rumo de Uma Geração — Raiam Santos
1/5 — Kindle
O autor pegou um apanhadão de clichês de produtividade e auto-ajuda gringos, traduziu, jogou uns confetes e pá! O que ele chama de um texto de fácil leitura e preparado para a geração Y eu entendo como um texto desleixado e sem revisão. Fraquinho de tudo até pra quem busca uma introdução no assunto produtividade e desenvolvimento pessoal. Sem highlights.
15. Bird by Bird: Some Instructions on Writing and Life — Anne Lamott
3/5 — Kindle
Diversos escritores recomendam este livro sobre a arte de escrever. Talvez eu tenha chegado até ele com expectativas muitos altas e, no fim das páginas, só achei um livro “ok”. A autora aborda a escrita como atividade profissional, deixando de lado a mítica da musa inspiradora e colocando na mesa a realidade do suar o sovaco: escrever é disciplina (ponto)
Ela fala ainda sobre a necessidade de muitos escritores de serem publicados e conhecidos e, a partir da própria experiência, joga um balde de água fria no glamour da escrita. O livro traz também algumas dicas sobre construção de personagens e enredo, é super bem escrito e tem umas tiradinhas boas. Talvez se eu tivesse lido há uns anos teria gostado mais.
“sit there feeling hung over and bored, and you may or may not be able to pull yourself up out of it that day. But it is fantasy to think that successful writers do not have these bored, defeated hours, these hours of deep insecurity when one feels as small and jumpy as a water bug. They do. But they also often feel a great sense of amazement that they get to write, and they know that this is what they want to do for the rest of their lives. And so if one of your heart’s deepest longings is to write, there are ways to get your work done, and a number of reasons why it is important to do
“Almost all good writing begins with terrible first efforts. You need to start somewhere. Start by getting something — anything — down on paper.”
“Perfectionism is the voice of the oppressor, the enemy of the people. It will keep you cramped and insane your whole life, and it is the main obstacle between you and a shitty first draft. I think perfectionism is based on the obsessive belief that if you run carefully enough, hitting each stepping-stone just right, you won’t have to die. The truth is that you will die anyway and that a lot of people who aren’t even looking at their feet are going to do a whole lot better than you, and have a lot more fun while they’re doing it.’
“say don’t worry about plot. Worry about the characters. Let what they say or do reveal who they are, and be involved in their lives, and keep asking yourself, Now what happens? The development of relationship creates plot.”
“and even though his characters are not necessarily people you want to date, they compel us because we believe that they exist and we believe that the things they do are true to who they are. We read Faulkner for the beauty of his horrible creations, the beauty of the writing, and we read him to find out what life is about from his point of view.”
“Carolyn Chute, the author of The Beans of Egypt, Maine, who was discussing rewriting: “I feel like a lot of time my writing is like having about twenty boxes of Christmas decorations. But no tree. You’re going, Where do I put this? Then they go, Okay, you can have a tree, but we’ll blindfold you and you gotta cut it down with a spoon.” This is how I’ve arrived at my plots a number of times.”
“Writers are like vacuum cleaners, sucking up all that we can see and hear and read and think and feel and articulate, and everything that everyone else within earshot can hear and see and think and feel. We’re mimics, we’re parrots — we’re writers.”
16. Como convencer alguém em 90 segundos — Nicholas Boothman
4/5 — Kindle
Abri o ebook achando que era um Como-Fazer-Amigos-e-Influenciar-Pessoas-like, e de certa forma, o é. Mas me surpreendi positivamente. O autor traz dicas práticas para se relacionar melhor com as pessoas e, no fim do papo, convencê-las a algo.
Como bicho do mato que sou, conversar não é assim minha especialidade, mas é um dos pontos que tenho focado em melhorar. Incorporei no meu dia a dia de relacionamento algumas dicas do autor e tem funcionado muito bem. No fim das contas, mesmo se você não quiser convencer ninguém a nada, consegue criar relacionamentos e diálogos mais saudáveis. É um livro clássico que muitos julgam até clichezão (não a toa minha baixa expectativa no início), mas que para mim funcionou bem.
“Alguns especialistas estimam que 15% do seu sucesso financeiro são determinados pelas habilidades e conhecimentos, enquanto 85% vêm da sua capacidade de conectar-se com outras pessoas e estabelecer confiança e respeito. Seja fazendo uma entrevista para um emprego, realizando uma venda, ensinando um estudante ou falando com seu chefe sobre um aumento, quanto melhor se conectar com as pessoas, maior é a sua chance de alcançar o seu objetivo.”
“Quando as pessoas gostam de você, elas veem o melhor em você. Quando não, tendem a ver o pior. É senso comum, na verdade. Se um cliente gosta de você, ele provavelmente vai entender os seus pulos como entusiasmo, mas se não gosta, ele vai pensar que os seus pulos provam que você é um idiota”.
“A Regra Número Um: Quando conhecer alguém, olhe nos olhos dele e sorria”.
“Não há fracasso, somente feedback.”
“ K: Know what you want (Saiba o que você quer) F: Find out what you’re getting (Observe o resultado obtido) C: Change what you do until you get what you want (Mude até que obtenha o resultado desejado)”
“Todos eles dizem a mesma coisa: perguntas são como faíscas de conversa, especialmente perguntas abertas. Perguntas abertas fazem a conversa rolar e abrem as pessoas; perguntas fechadas as calam. Perguntas abertas o direcionam para o coração e para as emoções, enquanto perguntas fechadas vão direto para a cabeça e para a lógica. Qualquer pergunta que comece com “Quem”, “O que”, “Por que”, “Onde”, “Quando” e “Como” incita uma visita à imaginação. Questões que começam com “Você está”, “Você fez”, “Você já” requerem uma resposta lógica de sim ou não.”
17. Meditations — Marcus Aurelius
5/5 — Físico
Definitivamente este é o meu livro de cabeceira. Li no ano passado, reli este ano e pretendo reler sempre. Long story short: o Marco Aurélio foi um dos imperadores fodões de Roma. E este é o diário pessoal do cara, no qual ele abre o coraçãozinho e conta seus medos, sua linha de raciocínio, suas ponderações e percepções. É a chance de entrar na cabeça de um imperador romano. Simples assim.
“The world is maintained by change — in the elements and in the things they compose”
“Doctors keep their scalpels and other instruments handy, for emergencies. Keep your philosophy ready too — ready to understand heaven and earth”
“Or is it your reputation that’s bothering you? But look at how soon we’re al forgotten.”
“The world is nothing but change. Our life is only perception.”
18. O Anjo Esmeralda — Don DeLillo
3/5 — Kindle
Nunca tinha lido Don DeLillo. O cara é um dos mais conhecidos e renomados escritores norte-americanos das últimas décadas. Fui com a expectativa lá em cima. (Aliás, isso é algo que preciso mudar pra ontem…) E dei uma brochada. O livro é uma coletânea de contos que o DeLillo escreveu entre a década de 70 e 2011 e, aqui no Brasil, foi traduzido pelo Paulo Henriques Britto.
Tem um conto sobre um corredor que presencia um crime num parque, a história de dois estudantes que criam teorias mirabolantes sobre um cara estranho na rua, um terremoto na Grécia, o papo de dois astronautas no espaço e, o que mais gostei, um triângulo amoroso de turistas que esperam por um voo que é constantemente cancelado. O texto e a construção dos personagens é excelente. Inclusive os contos são recheados de piadinhas sutis ótimas. Mas sabe quando não bate forte o coração? Fiquei com vontade de ler outras coisas dele, porém esses contos em específico achei “ok”. Nada muito surpreendentes.
Trechos do conto que dá nome ao livro:
“Lá está o mundo, maçãzinhas verdes e doenças infecciosas.” — pensamento de uma freira ao olhar pela janela ao amanhecer.
“Naquele tempo as coisas eram mais simples. As roupas tinham várias camadas, a vida não.” — a freira em um momento nostálgico.
“Você diz que é pra gente pobre. Mas santo aparece pra quem? Já viu santo e anjo aparecer pra presidente de banco? Coma a cenoura.” — Uma freira falando com a outra.
“ Perguntou Gracie: “Você não entra nos terrenos baldios não, não é?”
– “O pessoal de lá me conhece.”
– “Quem é que conhece você? Os cachorros? Lá tem cachorro hidrófobo, Mike.”
– “Eu sou franciscano, é ou não é? Os passarinhos pousam no meu dedo.”
Um padre e uma freira discutindo…
19. O obstáculo é o caminho — Ryan Holiday
3/5 — Físico
Tem me parecido impossível passar pela vida adulta sem tentar uma, duas ou três dessas coisas: Deus, Mega Sena e auto-ajuda. A primeira não me apetece muito e à segunda me rendo às vezes, mas a auto-ajuda tem mostrado as caras em momentos fodas. Porém, como tudo na vida, há limites: Augusto Cury aqui não! Ryan Holiday é um gringo que fez sucesso com estratégias de growth hacking para alguns escritores e para a American Appareal. O cara lê coisa pra caramba e faz recomendações de uns livros bem bons — inclusive, o diário do Marco Aurélio, Meditações, foi recomendação dele.
Há uns anos atrás li o “Acredite se quiser, estou mentindo”, um livro em que ele conta um pouco da experiência dele com blogs e growth hacking de conteúdo. Li também o “Growth Hacking”, sobre o qual conto um pouquinho ali em cima. E decidi dar uma lida n’”Obstáculo é o caminho”, livro que ele escreveu inspirado no Marquinho Aurélio. No fim do dia, é auto-ajuda sobre como encarar e perceber obstáculos, contando ainda algumas anedotas de figuras como Washington (não o cumpadi…), Obama, Richard Benson e famosos generais. Se eu fosse a editora, mandava rasgar alguns capítulos, que ficaram muito ruins. Mas em geral dá pra extrair boas coisas do texto e, se você está passando por uma plantação de perrengues, o livro dá um up legal.
“Todas as grandes vitórias, seja na política, nos negócios, nas artes ou na sedução, envolveram a solução de problemas espinhosos com um potente coquetel de criatividade, concentração e ousadia.”
“Superar obstáculos é uma disciplina composta de três passos críticos. Ela começa com a forma como olhamos para nossos problemas específicos, nossa atitude ou abordagem; depois, a energia e a criatividade com a qual ativamente os derrubamos e os transformamos em oportunidades; finalmente, o cultivo e a manutenção de uma vontade interior que nos permite lidar com derrotas e dificuldades.”
“Se uma emoção não pode mudar a condição ou a situação com que você está lidando, provavelmente ela é inútil. Ou, bem possível, é uma emoção destrutiva.”
“Problemas raramente são tão ruins quanto pensamos — ou melhor, são exatamente tão ruins quanto pensamos.”
“Você não vai querer desperdiçar uma grave crise. As coisas que adiamos durante muito tempo, que eram de longo prazo, agora são imediatas e devem ser resolvidas. [Uma] crise proporciona a oportunidade para fazermos coisas que não se podia fazer antes.”
20. Tools of Titans — Tim Ferris
3/5 — Kindle
Pensa numa tonelada de informação… Tim Ferris é um carinha que apresenta um programa de podcast em que entrevista pessoas que são fodas em sua área de atuação — seja nos negócios, política, esportes etc. Em Tools of Titans ele busca entender o que faz dessas pessoas profissionais fodas. O livro é composto pela transcrição de partes de algumas das mais interessantes entrevistas que ele fez em seu programa, ressaltando hábitos e formas de pensar que essa galera tem.
O catatau (cerca de 700 páginas…) traz desde dicas de alimentação e rotinas de exercícios físicos até recomendação de livros e seriados feitos pelos convidados do programa. Há partes em que passei direto. Por exemplo, quando ele fala de alimentação, começa a viajar numas dietas restritas, jejum intermitente e um bando de suplemento e coisarada em que eu não acredito. Mas no geral há histórias de vida e hábitos que são bem interessantes.
“If you have a 10-year plan of how to get [somewhere], you should ask: Why can’t you do this in six months?”
“Fortunately 10x results don’t always require 10x effort. Big changes can come in small packages.”
“I always say that I’ll go first… That means if I’m checking out at the store, I’ll say hello first. If I’m coming across somebody and make eye contact, I’lll smile first”
“So much so that I’ve said it to my kid now: ‘Is that a dream, or a goal? Because a dream is something you fantasize about that will probably never happen. A goal is something you set a plan for, work toward, and achieve.”
“Good stories always beat good spreadsheets”
“It’s not what you know, it’s what you do consistently.”
“When you make a business, you’re making a little world where you control the laws. It doesn’t matter how things are done everywhere else. In your little world, you can make it like it should be.”
E aí, reforçando a ideia que escrevi lá na primeira linha desta retrospectiva literária…
“You realize that you will never be the best-looking person in the room. You’ll never be the smartest person in the room. You’ll never be the most educated, the most well-versed. You can never compete on those levels. But what you can always compete on, the grue egalitarian aspect to success, is hard work. You can always work harder than the next guy.”
Boas leituras em 2018 ;)